Dia Mundial de Conscientização do Autismo: a preocupação com a Inclusão no Movimento Escoteiro
2 de abril de 2019
Desde o ano 2007 o dia 02 de abril marca a celebração do Dia
Mundial de Conscientização do Autismo. A data propõe a reflexão sobre o
TEA – Transtorno do Espectro do Autismo, que compromete áreas como
comunicação, comportamento e interação social dos indivíduos. Em uma
data importante como a de hoje, apresentamos duas histórias que têm em
comum a preocupação com a inclusão, uma das principais bandeiras do
Movimento Escoteiro.
Ruan Lima é um garoto de Recife, Pernambuco. Aos nove anos, encantado
pelo cajado que era carregado por uma vizinha escoteira, Ruan se
interessou pelo Escotismo, e a mãe, Cristiane, começou a levar o filho
aos encontros do Grupo Escoteiro Chico Science (40°/PE). Parece uma
história comum, não fosse um fato bastante particular: Ruan é autista, e
lida com dificuldades na socialização. Ainda mais por este motivo, o
interesse e aproximação com o Movimento Escoteiro se tornaram tão
especiais.
“O Ruan não gosta muito de socializar, mas no Grupo junto com os
lobinhos ele gostava de participar das atividades, mas sempre como
coadjuvante. Nessa época eu também entrei como assistente da Alcateia.
Ele tem muitos primos e eu vivia chamando-os para conhecerem o Grupo,
para ver se assim Ruan interagia mais”, contou a Chefe Cristiane, que
revelou uma experiência curiosa sobre Ruan. “Só tivemos sucesso com as
visitas quando celebramos os 11 anos do Ruan com uma festa no Grupo.
Solicitei aos Chefes que fizessem um Dia de Escoteiro com os convidados e
eles aceitaram. Ao final da festa fizemos a passagem do Ruan para a
Tropa Escoteira, e foi lindo, mas depois de um tempo ele não queria mais
ser escoteiro, pois como ele sempre dizia, “ser lobinho é melhor que
ser escoteiro!”, disse.
Em 2018 a Chefe Cristiane iniciou um projeto de Seção Escoteira
Autônoma para trabalhar na comunidade em que vivia, e deu ao filho a
responsabilidade de transmitir o conhecimento para os novatos. O
resultado surpreendeu a Chefe pelo tanto de conteúdo que Ruan
compartilhou. “Hoje ele é o sub-monitor e tesoureiro da Patrulha Lobo.
Agradeço ao Movimento Escoteiro pelo papel desempenhado na vida do Ruan,
ele é muito responsável, obediente, econômico, e fala sempre a verdade,
como ele mesmo gosta de salientar”, completou.
É de Manaus-AM outra história inspiradora. Simone Ischkanian faz
parte do Grupo Escoteiro João Oscalino (02°/AM), e há 27 anos trabalha
com inclusão social. No Grupo desenvolve desde 2002 um projeto
específico com crianças especiais: pelo menos 09 crianças envolvem
alguma questão como TDAH (transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade), autismo leve, dislexia, dificuldade de aprendizagem,
entre outros. “Para serem incluídas na proposta pedagógica do M.E. eu
faço as adaptações todas, sejam visuais ou de linguagem, de acordo com
as características específicas de cada criança ou jovem”, explica a
Chefe Simone, que utiliza o conhecimento do Mestrado em inclusão,
autismo e educação nas atividades do Escotismo.
Para Simone, o grande desafio é em como enfrentar as diferenças. “A
inclusão começa no coração. O que o G.E. João Oscalino faz é de grande
valia, mas é necessário que todos os grupos também possam se preocupar
em aceitar crianças especiais com as adaptações necessárias”, explica.
“São seres unos como eu ou você, e à nós basta conhecer e sermos
carismáticos e pedagógicos. A atuação dos pais também é essencial. A
inclusão nos torna pessoas melhores, e nos faz perceber o quanto somos
dotados de habilidades valorosas que muitas vezes não sabemos
aproveitá-las para o bem coletivo”, finaliza.
Neste Dia Mundial da Conscientização do Autismo, convidamos para
conhecer as ações realizadas por Escoteiros em todo o país em prol não
somente de portadores do autismo, mas de inclusão e acessibilidade de
maneira geral. Confira a Apostila do Curso Técnico ‘Inclusão e Acessibilidade’, elaborada pela Região Escoteira do Rio Grande do Sul.
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